terça-feira, 31 de março de 2015

Palavras que não nadam

Um grito de socorro por vezes abafado.
Um suspiro no peito, metafísico e gelado. 
Um sonho que se cansa, uma luz que é criança.
A dança, o canto, sem movimento e sem som.
O significado perdido, um amor enrustido.
Um objetivo alcançado, um medo concreto.
Já foi, não volta. Não vai e nunca será.
Por tudo que não importa, se constrói tudo o mais que há.
Rimas, portas sem chave, janelas com grade.
A poesia que tanto desprezo por ter perdido o sentido.
Não culpo as palavras distribuídas e sim as projeções mal percebidas.
Irresolúvel problema, pois de números não é feito.
Tanto medo sustentado por um abstrato conceito.
A resistência de um ar cujas leis não enxergo.
A profundidade de um mar cujos peixes são cegos.
Um pensamento que não existe, se for parar para pensar.
Um sentimento que só é triste se por palavras externar.
O sentido que não concebo, tamanho o medo de errar.
Um deslize não aceito, cuja essência falha, de tão falha, me faz calar.

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