Aquela garota. A fraca e insegura. Que não gostava de se autodenominar covarde por achar essa uma palavra forte demais. E que, mesmo assim, não assumia jamais as próprias fraquezas. Porque, em sua cabeça tola, ser aceita era só mais uma das muitas obrigações. Porque repetia frases decoradas e frases inventadas como mantras em frente ao espelho (ou deitada de olhos fechados) numa tentativa falha de aliviar o peso, sem sucesso porque acreditar em desconhecidos era difícil. Principalmente quando a desconhecida era ela própria.
Sim, ela era aquela garota. Ou, melhor dizendo, ela também era aquela garota. Aquela que enxergava à sua frente quando, por um descuido, esquecia a autoconfiança largada por aí. Aquela que sentia escondida às suas costas quando, cheia de coragem, se punha a defender os próprios ideais. E aquela que sempre caminhava ao seu lado, mas não gostava de tomar a dianteira. Só que se via obrigada a fazer isso quando a garota forte recuava. Aquela que era ela, de fato, mas não a definia por completo. Aquela que ela era sem deixar de ser a outra. Aquela que ela era no passado e que seria de novo muitas vezes no futuro. Mas não era ela agora. Agora ela era a que analisava, sem temer. A que questionava, sem cobrar. A que, sobretudo, enxergava, sem chorar.
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