domingo, 6 de dezembro de 2015

PARTE I



I
ÁRVORES, DROGAS, MELHORES AMIGOS


            André não estava acreditando que aquelas árvores que passavam correndo pela janela da sua poltrona não o estavam levando para Lins. Que o que estava dentro de sua mochila não eram sua roupa suja, tupewares vazios e xerox de Cálculo II para estudar em casa. Não que ele não estivesse levando alguma coisa para estudar de toda forma. Era difícil crer que pela primeira vez a mulher do “TcheTchereTche”, ou seja lá que raios de música era aquela, não atrapalharia seu sono com a cantoria sertaneja embriagada. Bom, ao menos ele achava que era música sertaneja, música nunca havia sido o seu forte. Ou álcool. Nunca se sabe, talvez a senhora fosse usuária de outro tipo de droga, como crack. Apesar que se tivesse alguém fumando crack dentro de um ônibus, as pessoas com certeza perceberiam, certo? E crack se fuma ou se cheira? Que seja. André também não entendia porque estava pensando em drogas. Parecia que muitos assuntos que ele não dominava estavam vindo à tona nas últimas horas. Por exemplo, o que se diz quando se encontra pela primeira vez com uma pessoa que você já conhece há quatro anos? Mais importante do que isso, o que se diz depois? E depois do depois? Argh, André não estava acreditando que era esse o tipo de preocupação que o faria pegar no sono naquela viagem. Se é que ele se atreveria a pegar no sono durante um trajeto desconhecido. André não estava acreditando que estava dentro de um ônibus rumo a Jaboticabal, cidade em que nunca esteve, prestes a conhecer três pessoas que nunca vira na vida. E André não acreditava, principalmente, e pela primeira vez tomando uma ciência tão clara deste fato, que eram a essas pessoas que chamava de melhores amigos.

Um comentário:

  1. "Crack se fuma ou se cheira?" UAHSUAHSUAHSUHASUHAS
    Resolvi vir ler isso aqui e sinto que não vou me arrepender.

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Oi, queridos! Aqui é seu espaço, podem colocar os pés no sofá.