I
ÁRVORES,
DROGAS, MELHORES AMIGOS
André não estava acreditando que
aquelas árvores que passavam correndo pela janela da sua poltrona não o estavam
levando para Lins. Que o que estava dentro de sua mochila não eram sua roupa
suja, tupewares vazios e xerox de
Cálculo II para estudar em casa. Não que ele não estivesse levando alguma coisa
para estudar de toda forma. Era difícil crer que pela primeira vez a mulher do
“TcheTchereTche”, ou seja lá que raios de música era aquela, não atrapalharia
seu sono com a cantoria sertaneja embriagada. Bom, ao menos ele achava que era
música sertaneja, música nunca havia sido o seu forte. Ou álcool. Nunca se
sabe, talvez a senhora fosse usuária de outro tipo de droga, como crack. Apesar
que se tivesse alguém fumando crack dentro de um ônibus, as pessoas com certeza
perceberiam, certo? E crack se fuma ou se cheira? Que seja. André também não
entendia porque estava pensando em drogas. Parecia que muitos assuntos que ele não
dominava estavam vindo à tona nas últimas horas. Por exemplo, o que se diz
quando se encontra pela primeira vez com uma pessoa que você já conhece há
quatro anos? Mais importante do que isso, o que se diz depois? E depois do depois? Argh, André não estava acreditando que
era esse o tipo de preocupação que o faria pegar no sono naquela viagem. Se é
que ele se atreveria a pegar no sono durante um trajeto desconhecido. André não
estava acreditando que estava dentro de um ônibus rumo a Jaboticabal, cidade em
que nunca esteve, prestes a conhecer três pessoas que nunca vira na vida. E
André não acreditava, principalmente, e pela primeira vez tomando uma ciência
tão clara deste fato, que eram a essas pessoas que chamava de melhores amigos.
"Crack se fuma ou se cheira?" UAHSUAHSUAHSUHASUHAS
ResponderExcluirResolvi vir ler isso aqui e sinto que não vou me arrepender.