sexta-feira, 29 de maio de 2015

Fluindo, jazendo, dormindozzzz

Talvez eu devesse fazer um jardinzinho. Voltar a tocar piano. Tentar perder a vergonha de cantar com o violão. Desenhar mais uma história em quadrinhos. Escrever algo e seguir com isso até que se torne um livro. Pegar mais um punhado de recheio de almofada e fazer mais nuvens, dessa vez com pisca-pisca. Talvez eu devesse voltar a me exercitar ou começar uma série de livros. Tentar ser vegetariana de novo ou aprender meditação. Eu estou tão cansada para correr atrás de outra religião. Eu vou fazer mais vestidos. Acabei de me lembrar que eu sei fazer colarzinhos também. Até aqueles de silicone que ficam rente ao pescoço. Uma maratona de filmes de Psicologia, por que não? Tem aqueles livros que eu quero reler, mas também tem aqueles que nunca vou ler se deixar isso acontecer. Eu sei pintar quadros, mas não sou exatamente boa nisso. Eu tenho que arrumar alguma atividade para fazer junto com a minha mãe. Arrumar tempo para passear com minhas cachorras. Estudar mais, muito mais, sobre várias coisas. Continuar a frequentar os lugares que me fazem bem, mas arrumar um emprego também. Parar de procurar angústia onde não existe e parar de perder tempo estando triste. Não vou resolver problema algum com meu pai, isso é fato, mas qual será o problema comigo? "Por que você passou 5 anos fazendo algo que detestava?", me perguntam. Eu acho que não preciso mais dessa pergunta, não é? Talvez eu devesse parar de me preocupar. Eu continuo com aqueles sonhos de logo depois de acordar (mas se estou acordada, ainda é sonho?), em que eu não existo e algo não me deixa pensar. Eu sinto um despropósito que me parece familiar. Como se eu já tivesse estado morta alguma vez. Será que para ter morrido é preciso um dia ter nascido? Se é para onde eu vou, parece óbvio que lá já tenha estado. Com certeza menos reconfortante do que acordar com um ET do seu lado. Tenho certeza que quando eu ficar velha, vou querer ter deixado um legado. Mas é estranho pensar num futuro a meio caminho andado. Tenho começado a perceber o quanto gosto de certas coisas. Eu sou uma delas e as outras são as pessoas. Eu não gosto de pensar que tem impurezas demais na minha circulação. De novo volto ao ponto de me preocupar com a alimentação. Eu tenho uma gaiola de hamster há quase um ano desocupada. Dentro dela uma chinchila talvez se sentisse sufocada. Ok, eu nunca quis uma chinchila e também não sei por que estou rimando igual a uma retardada. Eu também não ri, não se preocupe. Eu comecei a escrever esse texto porque queria me sentir inspirada. Como se o próprio desejo justificasse sua realização antecipada. O que acontece, entretanto, é eu querer dar uma olhada nos meus pensamentos. Permitindo que fluíssem livremente, as palavras foram se acumulando num crescente. Talvez a sonoridade ajude na livre associação. Juro que não me esforço, senão tudo seria em vão. E sempre me pergunto se aquele vaso sempre esteve ali. É estranho eu nunca ter percebido desde o dia em que nasci. Eu costumo dar um título quando o texto chega ao final. Mas, de longe, olhando assim, pareceu-me antinatural. Hoje estive num encontro com pessoas que nunca vi. É interessante pensar no quanto sobre mim eu aprendi. Já não faz tanto sentido quando começo a refletir, mas assim que colocar o ponto, jaz este último texto que escrevi.

2 comentários:

  1. Esse texto é genial, não gostar dele seria anormal; através desse comentário radical, feito por um boçal, gostaria de dizer que 'cê é especial. (Desculpa)

    Frases curtas que rimam (e convergem de alguma forma em sua morfologia) parecem dar uma ideia de confusão, antinomia e principalmente ansiedade. Isso, de modo geral, pode ser compensado com dedicação em alguma coisa. Já pensou em tricotar, fazer um prato novo ou se tornar perita em jogar dardos?

    Continue postando, cê sabe que eu gosto MUITO dos seus textos! <3

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. ASHUHSAUHASU Nem pense em se abster da culpa por essas risadas!

      Sim, minha vida se resume em encontrar válvulas de escape. Estivesse o Andy aqui, ele já teria sugerido esgrima! Acredita que já tentei aprender a tricotar? Não deu muito certo ):

      <3

      Excluir

Oi, queridos! Aqui é seu espaço, podem colocar os pés no sofá.